segunda-feira, 3 de janeiro de 2011



Estrada do Itacoatiara, n°. 110.

As ruínas existentes no interior do condomínio Ubá-Itacoatiara são o remanescente da Capela e Cemitério de Nossa Senhora da Conceição. Edificada em alvenaria de pedra e cal, teria uma planta tradicional de nave única e indícios de capela-mor pouco profunda. Ainda é possível identificarmos parte do seu arco-cruzeiro.

A provável construção destas edificações data do período compreendido entre os anos de 1861 e 1900, fato que pode ser comprovado nos relatórios dos "visitadores pastorais" que, em suas andanças pelas freguesias, registravam as edificações eclesiásticas da região.

Os registros históricos demonstram que as ruínas da capela e cemitério pertenciam à Irmandade Nossa Senhora da Conceição, instituição responsável por erigir as edificações, em fins do século XIX. A construção se deu nas terras da Família Brum, que provavelmente ganhou ou comprou este espaço do maior proprietário de terra da região, Sr. José Albino da Costa.

A construção destes bens provavelmente foi pensada num momento em que começaram a surgir os cemitérios públicos, uma vez que, em 1855, foi proibido o uso de Igrejas e Capelas para o sepultamento dos mortos, costume comum até aquela data. Neste sentido, o Cemitério-Capela de Nossa Senhora da Conceição, faz parte de um contexto em que os moradores locais, impedidos de continuarem enterrando seus mortos na Paróquia de São Sebastião, resolveram constituir uma irmandade, a fim de terem permissão para construir um cemitério.

As lembranças dos velórios, das quermesses e das ladainhas trazem à tona personagens como José Brum e Francisco das Chagas Teles. Este último era um pequeno fazendeiro com estabelecimento na freguesia que ocupava a função de "administrador" do cemitério-capela, até a sua morte em 1934. Nessa ocasião, as condições econômicas da Irmandade, bem como as condições físicas do cemitério-capela encontravam-se bastante precárias. O falecimento de Francisco das Chagas Teles, juntamente com o surgimento de uma nova Capela de Nossa senhora da Conceição, em 1936, a cerca de 100 metros da antiga capela, consolidam o fim daquela Irmandade.

Em 1993, tendo em vista o grande valor histórico e ambiental, a Prefeitura Municipal tombou os remanescentes da capela através da lei n°. 1506 de 20 de outubro.

Retirado do livro "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.
Paróquia de São Sebastião de Itaipu
A Evangelização através dos Séculos


  Texto enviado pelo leitor Renan Régi*.


A igreja de São Sebastião de Itaipu data de 1650, quando escravos, índios e jesuítas trabalharam juntos para sua construção, que foi concluída em 1716. Neste momento da história a Igreja de São Sebastião não passava de uma capela jesuítica, que buscava dar melhores condições à assistência catequética aos escravos, índios e pescadores livres.

Segundo a visita pastoral realizada no ano de 1799, a freguesia foi ereta em 1708, ou seja, foi em 1708 que aquela povoação foi reconhecida, tanto pela autoridade eclesiástica superior quanto pelo governo civil, como um conjunto de paroquianos.

Em 1721 por decreto do Rei português foi elevado à condição de Paróquia Independente, como informou o visitador Bento Lobo Gavião, e teve entrada na classe das igrejas perpétuas através do alvará régio de 12 de Janeiro de 1755, tendo como seu primeiro pároco o Pe Manuel Francisco da Costa. Isso significa dizer que até o ano de 1755 a igreja de São Sebastião de Itaipu não tinha o privilégio de ter um padre permanente, para atender as necessidades espirituais dos paroquianos.

O território da freguesia de Itaipu abrangia uma imensa área. Segundo a obra do monsenhor Pizarro, Memórias históricas do Rio de Janeiro, existiam um pouco mais de 100 fogos (residenciais), e mais de 800 almas sujeitas ao sacramento.


Nesta mesma região havia o Recolhimento Santa Tereza, fundado por Manuel da Rocha, a que intitularam do bem comum, com a cooperação do vigário Manuel da Costa e do provisor do Bispado Antônio José dos Reis Pereira e Castro. Era destinado às mulheres que desejavam uma vida recolhida ou a outras, por castigos de culpas. Sua inauguração teve lugar no dia 17 de junho de 1764.

Devido à expulsão dos jesuítas, do território luso-brasileiro, em 1759, através da política do Marquês do Pombal, e pelo fato da Igreja de São Sebastião pertencer ao padroado régio, ou seja, toda a política espiritual da freguesia de Itaipu dependia dos interesses que a coroa Portuguesa possuía. Nesse sentido a Igreja de São Sebastião foi beneficiada, tendo em vista um projeto de colonização português, em que era necessário proteger o litoral, o que fez de Itaipu um lugar estratégico para a defesa de invasões estrangeiras, pois a sua natureza magnífica criou praticamente o único ancoradouro entre o Atlântico e a Baía de Guanabara.

Portanto o incentivo ao povoamento nesta região era essencial e o papel da Igreja de Itaipu, como em todo o território luso-brasileiro, passou a ser não apenas a busca por almas, mas também o de agente deste projeto colonizador, tendo em vista que com a política Pombalina os padres seculares tornaram-se autênticos funcionários da Monarquia.

Itaipu tornou-se uma região próspera. Enquanto as terras entregues a Araribóia, formando a freguesia de São Lourenço, mal conseguiam sustentar, a população que ali vivia, Itaipu exportava vários tipos de gêneros alimentícios para o Rio de Janeiro, não se prendendo apenas à pesca, sua principal atividade. No que tange à atividade eclesiástica, a igreja de São Sebastião conheceu 14 párocos, de 1755 à 1908. A edificação, já gasta pelo tempo, passou a ser restaurada em 1839, porém as obras foram interrompidas diversas vezes.


Com a Proclamação da República em 1889 e com a separação Igreja/Estado, a administração da igreja de São Sebastião foi entregue ao bispado do Rio de Janeiro, visto que a diocese de Niterói sequer existia.

As famílias da localidade, em sua grande parte fazendeiros, passaram a cuidar da Igreja, que neste período da história, 1897, passou para a jurisdição de São Gonçalo. O então vigário Cônego Ferreira Goulart recomeçou a reforma, que terminou em 20 de fevereiro de 1898.

Em 1908, por escassez de padres que quisessem assumir a administração da igreja, o primeiro bispo de Niterói transferiu a paróquia para a Matriz de N.senhora da Conceição de Jurujuba, o que resultou num completo abandono da mesma. Algum tempo depois a Paróquia de São Sebastião foi anexada à Paróquia do Rio do Ouro.

A igreja de São Sebastião ficou nesta situação de abandono desde 1908 até 20 de agosto de 1977, durante este período alguns sacerdotes, a pedido de particulares, celebravam a santa missa para um pequeno numero de fiéis. Foi no ano de 1977 que o Pe Lúcio Pinho, missionário redentorista, assumiu a Paróquia de Itaipu, por nomeação do Bispo D.José Gonçalves da Costa.

Após 69 anos de abandono, o estado da Igreja era deplorável: telhado quebrado; não havia luz, água; acumulo de detritos; bancos, altares, sacristia e lâmpadas destruídas; ramificações de arvores desciam pelas paredes; quando chovia a água passava pelo telhado e molhava os fiéis.
Aquela imponente e importante Igreja de São Sebastião de outrora ficou conhecida por muitos como a "casa mal assombrada".

Desta forma o Pe.Lúcio teve dois objetivos: reconstruir a Igreja de Itaipu e reativar o trabalho social na comunidade. Aos poucos a igreja voltou a ter aspecto de Paróquia, com organização religiosa, administrativa e comunitária. Após um ano de trabalho de Pe. Lúcio Pinho, que já estava reerguendo a Igreja, o Instituto Estadual de Patrimônio Cultural resolveu tombar a igreja, pelo processo E.03/16.511/78.

A luta de Pe.Lúcio para reerguer a Paróquia foi grande, conseguindo em 1979 que o jornal O Globo fizesse e publicasse uma pequena nota dizendo a respeito da precariedade em que se encontrava a igreja e informando que o Pe.Lúcio Pinho, estava iniciando uma campanha destinada a restaurar a igreja, recolhendo doações, que vieram mesmo das famílias que frequentavam a igreja; da festa de São Sebastião, que se tornou uma tradição; e de outras festas, como a festa junina.

Em 1983 os padres poloneses da Sociedade do Apostolado Católico - SAC, palotinos, tomaram posse da paróquia de São Sebastião de Itaipu, sendo que seu primeiro pároco o Pe. João Sopicki. Hoje a igreja tem a graça de ter não um, mas dois sacerdotes para atender as necessidades espirituais dos paroquianos.

Durante esses vinte e seis anos de presença palotina na Paróquia de Itaipu, apesar da paróquia não ter tido um projeto de manutenção e prevenção, foram realizadas diversas reformas. O Pe.Estevão foi o primeiro a ter uma política mais enfática em relação à conservação, realizando obras não apenas da Matriz de São Sebastião, mas também uma reforma externa na capela de N.S. de Bonsucesso, e outra na capela de N. S. da Conceição da Fonte.

O Pe.Tadeu realizou uma obra no terreno da matriz, facilitando o acesso dos carros; a subida de deficientes físicos, através da rampa lateral; e a melhoria nas escadas de acesso a igreja. Porém, a reforma mais significativa foi realizada pelo Pe. João Pedro, concluída em 2002, que teve a paroquiana e arquiteta Liane Cerante Moreira como responsável da obra, em conjunto com o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Seu objetivo não foi realizar uma reforma para apenas tapar os buracos ou pintar a fachada, mas sim para manter a Igreja viva e com seu aspecto colonial.

Desta maneira, podemos comemorar com orgulho os 254 anos da paróquia de São Sebastião, que é a prova viva de que a Igreja não é formada apenas por templos de pedras, mas principalmente por pessoas. Somos nós que fazemos com que a Igreja São Sebastião de Itaipu seja uma paróquia viva e não uma "casa mal assombrada". Portanto vamos comemorar e ensinar às futuras gerações que uma Igreja se faz com trabalho em equipe, onde todos os tipos de trabalho são igualmente importantes. Parabéns.

*O leitor Renan Régi extraiu o texto do escritor Francisco Muller.


A Igreja de São Sebastião de Itaipu é um importante exemplar arquitetônico com notável implantação no terreno, onde, do alto de um promontório descortina-se uma ampla visão da praia de Itaipu.

Sua história remonta a meados do século XVII, quando a freguesia de São Sebastião de Itaipu possuía quatro engenhos e seus habitantes eram lavradores de farinha, de açúcar e pescadores. Percorrendo a imensa região pela qual eram responsáveis, os padres Antônio Loureiro, Manuel de Araújo e José de Castro criaram várias freguesias e trataram de incentivar a construção de capelas, inclusive a de São Sebastião.

Em 1721, a igreja foi elevada à condição de paróquia independente e, por alvará de 12 de janeiro de 1755, foi criada a freguesia de São Sebastião de Itaipu. Por volta de 1833, a matriz estava quase em ruínas, precisando de reconstrução e conserto. O futuro Visconde de Uruguai, na Presidência da Província tomou as providências para a recuperação da igreja. Em 31 de janeiro de 1844 as obras estavam quase finalizadas.

Em 1898, uma nova intervenção foi efetuada e a própria comunidade restaurou o templo para a festa do padroeiro. Dez anos mais tarde, a paróquia foi extinta e transferida para Jurujuba, ficando o prédio abandonado por completo, durante muitos anos.

A edificação original, de nave única, recebeu durante o século XIX elementos neoclássicos. Sua fachada simétrica, de feição sóbria, é formada por um corpo principal cuja portada é encimada por três janelas do coro; apresenta um frontão com entablamento reto, um pequeno óculo e tímidas volutas. As duas torres sineiras laterais com seteiras são arrematadas por cúpulas em meia laranja. O retábulo-mor, de linhas neoclássicas, é todo em madeira.

Nos anos 80, sob a orientação do INEPAC,a igreja foi restaurada e,com a chegada de um novo pároco, em 1977,ela foi reativada.

Tendo em vista os valores afetivo e histórico adquiridos pela Igreja de São Sebastião, o Instituto Estadual de patrimônio Cultural - INEPAC - tombou este templo, em 26 de setembro de 1978, através do processo E-03/16.511/78

Retirado do livro "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.


Rua Barão de Mauá, 274- Ponta d' Areia

Símbolo da fé portuguesa de além-mar, a Igreja Nossa Senhora de Fátima da Ponta d' Areia, mais especificamente em Portugal Pequeno, representa e exprime a influência marcante dos portugueses no bairro durante a primeira metade do século XX, sendo considerada uma das igrejas mais antigas do Brasil dedicada a essa Santa.
Sua história inicia-se em 1932, quando o Padre Conrado Jacarandá - então vigário da Catedral de São João Batista - interessou-se em construir uma igreja em homenagem à Nossa Senhora de Fátima e um devoto português,Manuel Fernandes da Costa,ofereceu um salão de sua propriedade para servir de capela. No dia 13 de maio de 1935, sob a direção do Padre. Antônio Macedo, foi realizada uma festa, o que possibilitou a aquisição do terreno onde, em 1940, foi construído o atual templo, inaugurado em 16 de novembro de 1941, com grande procissão, bandas de música e fogos de artifício. A primeira imagem de Nossa Senhora de Fátima, ainda existente na igreja, chegou de Portugal em 1929, apenas 12 anos após a aparição da Virgem na Cova da Iria, em Portugal.
Edificação singela de meados do século XX, típica de capelas de subúrbio, com torre sineira única e central, a igreja possui nave única precedida por nártex, no qual se encontra o antigo batistério. Sobre o nártex, localizam-se o coro e a escada de acesso à torre. A nave é separada da capela-mor por colunas que sustentam três arcos à maneira de arcos cruzeiros. O seu forro é uma abóbada de berço. A capela-mor é muito simples. Uma sacristia situa-se transversalmente ao eixo da nave, nos fundos da construção; por sobre ela, foi edificada o consistório. Toda a edificação foi feita em alvenaria de tijolos e estrutura de concreto armado. Sua fachada, revestida por pó-de-pedra, apresenta um corpo estilizado de fachada templo, com uma porta central de arco pleno ladeada por duas janelas e com um óculo na altura do coro. Por sobre este, um pequeno painel de azulejos retrata a aparição de Nossa Senhora de Fátima. A torre é de concreto, em forma piramidal, coroada por uma cruz.
A Igreja Nossa Senhora de Fátima foi tombada pela Prefeitura Municipal de Niterói, através da Lei nº 1.628, de 30 de dezembro de 1997, por ser um marco cultural e afetivo da comunidade portuguesa de Niterói. Este tombamento foi efetivado no âmbito do projeto de recuperação e revitalização do bairro de Portugal Pequeno, coordenado pela Secretaria de Cultura.

Retirado do livro "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.



Rua Santa Rosa, n°.207 - Santa Rosa.

A chegada dos salesianos a Niterói ocorreu em 1883, quando fundaram o colégio e edificaram uma modesta capela de pedra, em 1884, construída pelo padre Miguel Borguino. Uma nova igreja, projetada pelo engenheiro padre Domingos Delpiano, irmão salesiano, veio substituir a antiga capela. Sua pedra fundamental foi lançada no dia 24 de dezembro de 1901 e, em 24 de dezembro de 1918, com a construção ainda em andamento, a igreja começou a funcionar. Foi elevada à condição de basílica pelo Papa Pio XII, no dia 12 de setembro de 1950.

Antes, porém, de dar início à construção da imponente basílica, os salesianos construíram um monumento à sua padroeira no Morro da Atalaia. O monumento erguido em 1890, com projeto do mesmo autor da basílica, foi inaugurado em 8 de dezembro de 1900 para comemorar o IV centenário do descobrimento do Brasil e a passagem do Ano Santo Mariano. No alto da coluna em forma de torre, que repete a mesma ornamentação neogótica e neomourisca da basílica, fica a imagem da santa, uma escultura de Luigi Del Po, modelada em Milão.

A
arquitetura imponente da igreja é marcada pela verticalidade de sua volumetria,mesclando aberturas em estilo neogótico, arcos em estilo mourisco e colunas clássicas. Uma escada em cantaria faz o acesso principal. A portada, também em cantaria, contém a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. Na fachada principal, o campanário único e central, com quatro sinos acionados eletronicamente, marca o eixo de simetria. Nas fachadas laterais se repetem os mesmos elementos decorativos, onde se destacam as janelas com vitrais.

A planta da basílica tem a forma de cruz latina, formada pela nave, pela capela-mor e pelas duas capelas laterais. O transepto é coroado por uma cúpula, construída posteriormente, o que contribuiu para que a igreja fosse elevada à condição de basílica pelo Papa Pio XII.No interior, o altar-mor é um trabalho do engenheiro-padre salesiano Paulo Consolini que, embora inaugurado provisoriamente no cinqüentenário do Colégio, acabou por permanecer até hoje. Na nave se distribuem mais de oito altares de cada lado, encimados por dupla de vitrais.

O grande destaque da Basílica Nossa Senhora Auxiliadora fica por conta do magnífico órgão - o maior da América Latina e o quinto do mundo. Foi idealizado pelo padre Virginio Fistarol e construído na cidade de Cremona, Itália. Possui 11.130 tubos, com cinco teclados manuais e um pedaleiro de 32 notas e 134 registros. Sua inauguração, que se deu em 15 de abril de 1956, contou com a presença de um dos maiores organistas, o maestro Ângelo Germani, primeiro organista da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O Grande Órgão está localizado no coro, o Órgão Eco e o Órgão Coral ladeiam o altar-mor.

Considerando sua a importância arquitetônica e seu valor para a memória da cidade, a Prefeitura Municipal tombou a Basílica, o órgão e o monumento através do decreto n°. 6537, em 30 de dezembro de 1992.

Retirado do livro "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.